domingo, 28 de dezembro de 2008

Blogagem Coletiva - Interlúdio com Florbela

UMA FESTA PARA FLORBELA!
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Este Blog foi criado para postar todos os posts de todos os Blogs que participaram da homenagem a essa divina poetisa no dia 8 de dezembro, data de seu nascimento. Na Barra Lateral coloquei o link das postagens de todos os Blogs participantes! Se o seu post estiver faltando aqui, por favor me avise!
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No dia 8 de dezembro comemora-se mais um ano do nascimento de Florbela Espanca, ícone da poesia em língua portuguesa.
Seus versos expressam um erotismo e uma liberdade pioneiros na poesia do seu país.Excelente sonetista, Florbela expressa suas emoções em linguagem telúrica, de imagens fortes, impregnadas de verdade física e arrebatamento. Sua poesia caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito.
A veemência passional da sua linguagem, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico.
Simultaneamente, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a natureza.
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Uma breve Biografia
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Florbela d’Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa, no Alto Alentejo, em 8 de dezembro de 1894, a Rua do Angerino, em casa de sua mãe, Antônia da Conceição Lobo. O pai, João Maria Espanca, era casado com outra mulher mas, como deste casamento não houvesse filhos, estabeleceu uma relação com Antônia e dessa relação nasceram dois filhos: Florbela e Apeles.
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Nos registros da Igreja Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa consta Florbela
como "filha ilegítima de pai incógnito". O mesmo acontecendo com seu único irmão, Apeles, nascido em 10 de março de 1897.
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Em 1899 Florbela já freqüenta o curso primário.Data de 11 de novembro de 1903 o poema A vida e a morte – ao que tudo indica o primeiro de sua autoria. Ingressa, em 1908, no Liceu de Évora, onde permanecerá até 1912.
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No dia de seu aniversário no ano de 1913, Florbela casa-se, no Registro Civil de Vila Viçosa, com Alberto de Jesus Silva Moutinho que havia sido seu colega de classe desde o curso primário.
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Em abril de 1916, seleciona, dentre a sua produção poética, cerca de 30 peças produzidas a partir de maio de 1915, com as quais inaugura o projeto Trocando Olhares.
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Em outubro de 1916, desde setembro vivendo em Lisboa e financiada pelo pai, matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que abandonará em meados de 1920: dentre os 347 alunos inscritos, apenas 14 são mulheres.
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Em junho de 1919 faz publicar o Livro de Mágoas, com as dedicatórias:
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"A meu pai. Ao meu melhor amigo." e "À querida Alma irmã da minha. Ao meu irmão."
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Logo depois começa a trabalhar em novo projeto Livro de Soror Saudade, publicado em 1923. .
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No dia 30 de abril de 1921 é assinado o divórcio de Florbela e Moutinho. Dois meses depois se casa com o alferes de artilharia da Guarda Republicana, Antônio José Marques Guimarães.
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Em 1925 divorcia-se de Antônio Guimarães. Ainda em 1925, em Matosinhos, Florbela casa-se com Mário Pereira Lage, médico.
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Em 1930, com poemas e contos, inicia a colaboração na recém-fundada revista Portugal Feminino, na Civilização e no Primeiro de Janeiro.
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Em seu Diário do Último Ano, Florbela expressa o estado de solidão em que se vê mergulhada:
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"O olhar dum bicho comove-me mais profundamente
que um olhar humano...Num grande esforço de compreensão, debruço-me,
mergulho os meus olhos nos olhos do meu cão...Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar!...”
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E não há de ser por acaso que Florbela se faz acompanhar de tal imagem durante esse derradeiro percurso: não é o cão mitológico o guardião da morte?
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Seus versos traduzem sinais de exaustão, de desilusão e de um processo de depressão. Morre, na noite de 7 para 8 de dezembro de 1930, vítima, do efeito de barbitúricos, não se sabendo jamais se por suicídio ou por acidente, pela ingestão de dose excessiva.
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Considerada como a figura feminina mais importante da Literatura Portuguesa, Florbela Espanca deixou poesias de uma sensibilidade exacerbada, repletas de um erotismo confessional, que deixa transparecer tendências e sentimentos opostos, flagrados como se em um diário íntimo.
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Segue nas pegadas dos grandes sonetistas da Língua Portuguesa, como Camões, Bocage, Antero, embora difira deles, em muitos pontos, principalmente por ser mulher, e abordar apenas o Amor, não fala “sobre o amor”, mas “do amor”, de maneira espontânea, destravada, como seiva que brota pura dos recônditos da imaginação, sem as coerções da moda ou das conveniências literárias, o que levou muitos críticos a falarem de sua obra como repleta de "don-juanismo", pelo sensualismo que desconhece grilhões, desprovido de falsos moralismos, cálido, franco, superando hipocrisias e convenções pequeno-burguesas.
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Sensibilidade e imaginação são os pontos altos de seus momentos de criação, na melhor expressão literária, não permitindo, em momento algum, que sua obra possa se reduzir a apenas uma confidência equívoca de sentimentos mantidos secretos pelo pudor feminino. Verdade da própria experiência e fantasia unem-se para gerarem poesias de primeira grandeza como nenhuma outra representante do sexo feminino o fez, na Literatura Portuguesa.
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