segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Regiane e Fada do Mar Suave do Blog Outros Ventos

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http://outrosventos7.blogspot.com/
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INTERLÚDIO COM FLORBELA
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Florbela Espanca
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Florbela Espanca era uma poeta diferente. Fria, lúcida, “pagã e anarquista”, como se descreve. E com um excepcional temperamento, pulsante em sensualidade e vibrante na forma ao expressar com profundidade sua alma ardente e revolta. Vivenciou sinceramente sua dor, tentando sempre ultrapassar os limites de sua condição feminina e do estranho sentimento pelo seu irmão, ela transpôs para sua poesia, sentimentos de depressão, espanto, erotismo e, sobretudo, um sentimento que é uma forma especial de sentir a alma portuguesa que é a “saudade”. Além da saudade retratou em seus escritos as paisagens tipicamente portuguesa, divagando pelos lugares tradicionais e pitorescos de sua terra natal.
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Florbela Espanca, uma mulher além de seu tempo, uma grande figura feminina e considerada a melhor escritora da Literatura Portuguesa do século XX.
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Fada do Mar Suave.
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Sergio Niculitcheff
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O NOSSO LIVRO
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Livro do meu amor, do teu amor,
Livro do nosso amor, do nosso peito...
Abre-lhe as folhas devagar, com jeito,
Como se fossem pétalas de flor
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Olha que eu outro já não sei compor
Mais santamente triste, mais perfeito
Não esfolhes os lírios como que é feito
Que outros não tenho em meu jardim de dor!
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Livro de mais ninguém! Só meu! Só teu!
Num sorriso tu dizes e digo eu:
Versos só nossos mas que lindos sois!
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Ah! meu Amor! Mas quanta, quanta gente
Dirá, fechando o livro docemente:
"Versos só nossos, só de nós os dois!"
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Florbela Espanca
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Sergio Niculitcheff
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CARAVELAS
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Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.
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Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!
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Se eu sempre fui assim este Mar morto:
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram!
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Caravelas doiradas a bailar...
Ai quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!...
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Florbela Espanca
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Contribuição Fada do Mar Suave.
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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Interlúdio com Florbela,
proposta pelo Blog Interlúdio.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Estou começando aos poucos a conhecer o trabalho fantástico da Florbela. Parabéns a iniciativa de propagar o trabalho desta escritora. Faz com que passemos a conhecê-la cada vez mais e melhor.

Abraço,

R.Vinicius

Cleo disse...

Flor, que belíssima postagem essa.
Todas maravilhosas, mas essa, tão suave.
Beijos e feliz terça.
Cleo