domingo, 28 de dezembro de 2008

Blogagem Coletiva - Interlúdio com Florbela

UMA FESTA PARA FLORBELA!
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Este Blog foi criado para postar todos os posts de todos os Blogs que participaram da homenagem a essa divina poetisa no dia 8 de dezembro, data de seu nascimento. Na Barra Lateral coloquei o link das postagens de todos os Blogs participantes! Se o seu post estiver faltando aqui, por favor me avise!
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No dia 8 de dezembro comemora-se mais um ano do nascimento de Florbela Espanca, ícone da poesia em língua portuguesa.
Seus versos expressam um erotismo e uma liberdade pioneiros na poesia do seu país.Excelente sonetista, Florbela expressa suas emoções em linguagem telúrica, de imagens fortes, impregnadas de verdade física e arrebatamento. Sua poesia caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito.
A veemência passional da sua linguagem, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico.
Simultaneamente, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a natureza.
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Uma breve Biografia
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Florbela d’Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa, no Alto Alentejo, em 8 de dezembro de 1894, a Rua do Angerino, em casa de sua mãe, Antônia da Conceição Lobo. O pai, João Maria Espanca, era casado com outra mulher mas, como deste casamento não houvesse filhos, estabeleceu uma relação com Antônia e dessa relação nasceram dois filhos: Florbela e Apeles.
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Nos registros da Igreja Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa consta Florbela
como "filha ilegítima de pai incógnito". O mesmo acontecendo com seu único irmão, Apeles, nascido em 10 de março de 1897.
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Em 1899 Florbela já freqüenta o curso primário.Data de 11 de novembro de 1903 o poema A vida e a morte – ao que tudo indica o primeiro de sua autoria. Ingressa, em 1908, no Liceu de Évora, onde permanecerá até 1912.
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No dia de seu aniversário no ano de 1913, Florbela casa-se, no Registro Civil de Vila Viçosa, com Alberto de Jesus Silva Moutinho que havia sido seu colega de classe desde o curso primário.
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Em abril de 1916, seleciona, dentre a sua produção poética, cerca de 30 peças produzidas a partir de maio de 1915, com as quais inaugura o projeto Trocando Olhares.
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Em outubro de 1916, desde setembro vivendo em Lisboa e financiada pelo pai, matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que abandonará em meados de 1920: dentre os 347 alunos inscritos, apenas 14 são mulheres.
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Em junho de 1919 faz publicar o Livro de Mágoas, com as dedicatórias:
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"A meu pai. Ao meu melhor amigo." e "À querida Alma irmã da minha. Ao meu irmão."
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Logo depois começa a trabalhar em novo projeto Livro de Soror Saudade, publicado em 1923. .
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No dia 30 de abril de 1921 é assinado o divórcio de Florbela e Moutinho. Dois meses depois se casa com o alferes de artilharia da Guarda Republicana, Antônio José Marques Guimarães.
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Em 1925 divorcia-se de Antônio Guimarães. Ainda em 1925, em Matosinhos, Florbela casa-se com Mário Pereira Lage, médico.
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Em 1930, com poemas e contos, inicia a colaboração na recém-fundada revista Portugal Feminino, na Civilização e no Primeiro de Janeiro.
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Em seu Diário do Último Ano, Florbela expressa o estado de solidão em que se vê mergulhada:
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"O olhar dum bicho comove-me mais profundamente
que um olhar humano...Num grande esforço de compreensão, debruço-me,
mergulho os meus olhos nos olhos do meu cão...Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar!...”
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E não há de ser por acaso que Florbela se faz acompanhar de tal imagem durante esse derradeiro percurso: não é o cão mitológico o guardião da morte?
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Seus versos traduzem sinais de exaustão, de desilusão e de um processo de depressão. Morre, na noite de 7 para 8 de dezembro de 1930, vítima, do efeito de barbitúricos, não se sabendo jamais se por suicídio ou por acidente, pela ingestão de dose excessiva.
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Considerada como a figura feminina mais importante da Literatura Portuguesa, Florbela Espanca deixou poesias de uma sensibilidade exacerbada, repletas de um erotismo confessional, que deixa transparecer tendências e sentimentos opostos, flagrados como se em um diário íntimo.
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Segue nas pegadas dos grandes sonetistas da Língua Portuguesa, como Camões, Bocage, Antero, embora difira deles, em muitos pontos, principalmente por ser mulher, e abordar apenas o Amor, não fala “sobre o amor”, mas “do amor”, de maneira espontânea, destravada, como seiva que brota pura dos recônditos da imaginação, sem as coerções da moda ou das conveniências literárias, o que levou muitos críticos a falarem de sua obra como repleta de "don-juanismo", pelo sensualismo que desconhece grilhões, desprovido de falsos moralismos, cálido, franco, superando hipocrisias e convenções pequeno-burguesas.
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Sensibilidade e imaginação são os pontos altos de seus momentos de criação, na melhor expressão literária, não permitindo, em momento algum, que sua obra possa se reduzir a apenas uma confidência equívoca de sentimentos mantidos secretos pelo pudor feminino. Verdade da própria experiência e fantasia unem-se para gerarem poesias de primeira grandeza como nenhuma outra representante do sexo feminino o fez, na Literatura Portuguesa.
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Florbela Espanca, uma poetisa de extraordinária sensibilidade, nascida em 1894 em Vila Viçosa, Portugal. Era um vulcão de paixões inexplicáveis. Considerada como a figura feminina mais importante da Literatura Portuguesa, Florbela Espanca deixou poesias de uma sensibilidade exacerbada, repletas de um erotismo confessional, que deixa transparecer tendências e sentimentos opostos, flagrados como se em um diário íntimo.

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Em minhas andanças virtuais, descobri no Blog "Arte Fotográfica" do amigo Gaspar de Jesus uma homenagem especialíssima feita por este seu compatriota, artista das objetivas:

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EXPOSIÇÃO "CUMPLICIDADES"

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Um olhar sobre Florbela Espanca

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por Gaspar de Jesus

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Uma exposição em homenagem a Florbela Espanca, patrocinada pela Câmara de Matosinhos, realizada na Biblioteca "Florbela Espanca"


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Um lindo espaço preparado para a exposição, a começar pelo detalhe da escadaria de versos, dando-nos a impessão de estar entrando literalmente na poesia de Florbela, caminhando por suas palavras, lado a lado com ela, degrau por degrau.
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Gaspar de Jesus escolhe os versos e sai em busca das fotos, criando uma verdadeira série de poesia-sensorial. Ele nos dá uma pitadinha de como deve ter sido fascinante este trabalho, com a citação abaixo:



"Escolhidas que estavam as palavras de Florbela, e a
praia que a poetisa frequentava, faltava agora a foto...f iz várias deslocações
a Matosinhos sem resultados, mas desta vez estava tudo perfeito, mar, chão, luz
coada, mas... a praia estava deserta... decidi esperar, volvido algum tempo,
surge por detrás de mim uma jovem mulher, vestida à século XVIIII, avançou para
junto da àgua, espetou na areia o guarda chuva de homem que trazia consigo, e
ali ficou por largos minutos contemplando o Mar, tal qual Florbela o terá feito
vezes sem conta noi nicio do Século XX... Estava finalmente "encontrada" a
imagem que tanto procurava! Fruto de um acaso da sorte, dirão alguns, outros
dirão que, foi "algo mais...". A história desta imagem aqui fica, à consideração
de cada um de nós."


Retirada daqui
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Eis a imagem:
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E ele expõe em seu Blog uma série de 20 fotopoemas. Abaixo os apresento em forma de slides, com uma boa visualização. Para você apreciar, estão em forma de exibição lenta. Mesmo assim, se parar com o cursor sobre a foto ela para de se mover e pode ler com calma.


Caso desejem ver as fotografias em tamanho maior, cliquem aqui:


Apreciem:


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"Curiosamente, Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro (1894), casou a 8 de Dezembro (1913), suicidou-se a 8 de Dezembro (1930), foi baptizada na Igreja de Nª Sª da Conceição, aos 8 anos adoptou o nome "da Conceição", e lecionou no Colégio de Nª Sª da Conceição, em Évora. O dia 8 de Dezembro era ainda o dia da Mãe, da mãe que Florbela não conheceu bem e que não foi a sua educadora "não me recordo nem da cor dos seus cabelos..."


Retirado daqui



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Retrato da Poetisa
aos 20 anos de idade, com a dedicatória
"Ao meu querido Mário, da Bela 14-2-1914".


Retirado daqui



Todas as imagems são de autoria de Gaspar de Jesus do Blog ARTE FOTOGÁFICA
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A ele o meu agradecimento pela autorização em publicá-las.
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As 20 imagens da exposição "CUMPLICIDADES" de Gaspar de Jesus:
Clique na imagem para vê-la ampliada:
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TEUS OLHOS
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"... Meus olhos têm tons de pedra rara,
- é só para teu bem que os tenho assim -
e as minhas mãos são fonte de água clara
a cantar sobre a sede de um jardim...!"
(in Charneca em Flor)
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TEUS OLHOS
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"...Grito o teu nome numa sede estranha,
como se fosse, Amor, toda a frescura
das cristalinas águas da montanha!..."
(in Charneca em Flor)
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O MEU CONDÃO
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"Quis Deus dar-me o condão de ser sensível
como o diamante à luz que o alumia,
dar-me uma alma fantástica, impossível:
- Um bailado de cor e fantasia! "
(in Charneca em Flor)
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MISTÉRIO
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"...Talvez um dia entanda o teu mistério...
quando, inerte, na paz do cemitério,
o meu corpo matar a fome às rosas!..."
(in Charneca em Flor)
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TARDE NO MAR
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"... Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
que Apolo se entretém a desfolhar.."
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VOZES DO MAR
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"... Tu falas de festins e cavalgadas
de cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
que dormem em teu seio a soluçar?..."
(in Trocando Olhares)
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SONHANDO
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"... D'olhos fechados sonho. A noite é uma elegia
cantando brandamente um sonho todo d'alma
e enquanto a lua branca o linho bom desfia
eu sinto almas passar na noite linda e calma..."
(in O Livro d'Ele)
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DOCE CERTEZA
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"Por essa vida fora hás de adorar
lindas mulheres, talvez; em ânsia louca
em infinito anseio hás de beijar
estrelas d'oiro fulgindo em muita boca!..."
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(in O Livro d'Ele)
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PAISAGEM
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"... Um trecho de paisagem campesina,
uma tela suave, pequenina,
um pedaço de terra sem igual!..."
(in Trocando Olhares)
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LIBERTA
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"Eu ponho-me a sonhar transmigrações
impossíveis, longínquas, milagrosas,
vôos amplos, céus distantes, migrações
longe... noutras esferas luminosas..."
(in Esparsos de Florbela)
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SEM TÍTULO
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"... Eu quero ir contigo a esses distantes
reinos! Deixa-me erguer as brancas velas,
ser um dos teus audazes navegantes..."
(in Esparsos de Florbela)
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CREPÚSCULO
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"Horas crepusculares tão magoadas,
correm de leve, preguiçosamente...
cai a tardinha sonhadoramente...
Vamos os dois sozinhos, de mãos dadas!..."
(in Esparsos de Florbela)

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SEM TÍTULO
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"... Com a doçura de uma linda ave
bateu as asas brancas e voou.
Era meiga, era pura, era suave
Não viveu! Foi um anjo que passou."
(in Esparsos de Florbela)
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SEM TÍTULO
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"Amor - eterno farol!
Que faz, pois, o ser viúva?
Às vezes também há sol
nos tristes dias de chuva!..."
(in Esparsos de Florbela)
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SEM TÍTULO
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"... Ó almas de assassinos que morreram
e riram e mataram!
Almas de garras que se esclavinharam
em carnes virgens por sensualidade!..."
(in Esparsos de Florbela)
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NOITE TRÁGICA
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"... Ó noite imensa, ó noite do Calvário
leva contigo, envolto no Sudário
da tua dor a dor que não 'squece!"
(in Trocando Olhares)
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NEURASTENIA
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"... Ó chuva! Ó vento! ó neve! Que tortura!
Gritem ao mundo inteiro esta amargura,
digam isto que sinto que eu não posso!..."
(in Livro de Mágoas)
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EM BUSCA DO AMOR
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"... Mesmo a um velho eu perguntei: ' Velhinho,
viste o Amor acaso em teu caminho? '
E o velho estremeceu... olhou... e riu..."
(in Livro de Mágoas)
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MISTÉRIO D'AMOR
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"... Por que foi que somente nessa tarde
nos olhamos assim tão docemente
num grande olhar d' amor e de saudade?!"
(in O Livro d'Ele)
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SEM TÍTULO
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Escrevi o nome teu
na branca areia do mar
vieram as ondas brincando
teu lindo nome beijar."
(Esparsos de Florbela)
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Todas as imagems são de autoria de Gaspar de Jesus do Blog ARTE FOTOGÁFICA
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A ele o meu agradecimento pela autorização em publicá-las.
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Flor do Blog Interlúdio

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http://interludioemflor.blogspot.com/search/label/Blogagem%20Coletiva
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Florbela - Eterna Flor
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“Quero voltar! Não sei por onde vim…
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!”
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Florbela Espanca
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Tornou-se eterna essa minha Florbela,
Seus poemas romperam o tempo...
De saudade, são 78 anos!
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Todo esse tempo sem você...
mas estás aqui... e aqui ficarás para sempre!
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A Noite Desce
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Como pálpebras roxas que tombassem
Sobre uns olhos cansados, carinhosas,
A noite desce… Ah! doces mãos piedosas
Que os meus olhos tristíssimos fechassem!
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Assim mãos de bondade me beijassem!
Assim me adormecessem! Caridosas
Em braçados de lírios, de mimosas,
No crepúsculo que desce me enterrassem!
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A noite em sombra e fumo se desfaz…
Perfume de baunilha ou de lilás,
A noite põe embriagada, louca!
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E a noite vai descendo, sempre calma…
Meu doce Amor tu beijas a minh’alma
Beijando nesta hora a minha boca!
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Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade
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Para Florbela, amar é um gesto mágico:
é uma experiência única, é a força motriz da sua alma, e por isso quer amar, amar perdidamente.
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Sua obra mostra está impregnada de ampla gama de estados emocionais ligados ao amor, desde a exaltação dos sentidos (entrega por inteiro), até ao desejo de sacrifícios, oscilando entre momentos de plenitude e de grande fragilidade emocional, decorrentes de relações amorosas frustradas ou que não a preencheram.
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Parece que não consegue encontrar satisfação no amor, oscilando entre momentos de ternura e outros de desencontro e sofrimento.
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Em Florbela, o amor é sempre um amor perdido,
mesmo antes de ser encontrado;
acarreta sucessivas desilusões, que ela procura compensar com um novo amor, que lhe traz novas desilusões.
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É um amor impossível, que só mostra mentiras e lhe traz desilusões,
como mostra o soneto «Princesa Desalento».
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Princesa Desalento
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Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É revoltada, trágica, sombria,
Como galopes infernais de vento!
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É frágil como o sonho dum momento,
Soturna como preces d'agonia,
Vive do riso duma boca fria!
Minh'alma é a Princesa Desalento…
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Altas horas da noite ela vagueia…
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
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O luar ouve a minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta…
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(Florbela Espanca, «Livro de Soror Saudade», in «Poesia Completa»)
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À Florbela
(em sua memória)
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Sou eu, Florbela! Aquele que buscaste.
Falam de mim Teus versos de Menina.
Tua boca p’ra mim se abriu, divina,
mas foi só o Luar que Tu beijaste.
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Hás-de voltar, Florbela!… Em débil haste,
por entre os trigos cresce, purpurina,
a mais fresca papoila da campina
que, só por me veres, não cortaste.
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Eu tenho três mil anos: sou Poeta.
Surgi dos lábios secos dum asceta,
de uma oração que Deus deixou de parte.
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Redimi tantos corpos, tantas vidas
neles vivi, que sinto já nascidas
asas com que subir para alcançar-Te
(…)
{Sebastião da Gama}
Arrábida, 6-11-1943
(«Revista Alentejana»)
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Betty Mello do Blog De Tudo Um Pouco

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http://marietta-de-tudo-1-pouco.blogspot.com/
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HOJE É DIA DE FLORBELA
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8 de Dezembro :Blogagem Coletiva pelo aniversário da poetisa portuguesa Florbela Espanca
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Vale a pena conhecer sua história e obra no blog que promoveu esta blogagem http://interludioemflor.blogspot.com/
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"Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar! Aqui... Além...
Mais este e aquele e outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém. "
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Um beijinho carinhoso, Betty
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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Interlúdio com Florbela, promovida pelo Blog Interlúdio.
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Jorge Fortunato do Blog Acabou o Caviar?

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http://acabouocaviar.blogspot.com/
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Atendendo ao chamado do Interlúdio em Flor, participamos da blogagem coletiva em homenagem à Florbela Espanca, no dia em que se comemora mais um ano do seu aniversário.
Considerada um ícone da poesia em língua portuguesa, Florbela Espanca já foi representada no teatro por Zezé Polessa no espetáculo Florbela Espanca, a Bela do Alentejo, de Maria da Luz, com direção de
Miguel Falabella.
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O poema escolhido foi Tarde no Mar que poderá ser melhor apreciado ouvindo o Grupo Madredeus. Viva Florbela Espanca!
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Tarde no mar
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Florbela Espanca
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A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,
Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!
Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...
E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...
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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Interlúdio com Florbela, promovido pelo Blog Interlúdio.
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Carla M do Blog Mulheres 3.0 Plus

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http://mulheres30plus.blogspot.com/
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INTERLÚDIO COM FLORBELA
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Hoje, dia 8 de dezembro, estou aqui escrevendo para participar de mais uma "Blogagem Coletiva", desta vez em homenagem a Florbela Espanca, e por iniciativa do Blog Interlúdio.
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Florbela nasceu filha de Antônia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu como filha. Porém com a morte de Antônia em 1908, João e sua mulher Maria Espanca criaram a menina. O pai só reconheceria a paternidade anos após a sua morte. Em 1903 Florbela Espanca escreveu o primeiro poema de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se a seguir no curso de Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa. Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o Livro de Mágoas. É nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho, passando a encarar o preconceito social decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com Antônio Guimarães.O Livro de Soror Saudade é publicado em 1923. Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Laje. A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de As Máscaras do Destino.Tentou o suicídio por duas vezes em Outubro e Novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930, utilizando uma dose elevada de veronal. Charneca em Flor viria a ser publicado em Janeiro de 1931. Florbela Espanca causou grande impressão entre seus pares e entre literatos e público de seu tempo e de tempos posteriores. Além da influência que seus versos tiveram nos versos de tantos outros poetas, são aferidas também algumas homenagens prestadas por outros eminentes poetas à pessoa humana e lírica da poetisa. Manuel da Fonseca, em seu "Para um poema a Florbela" de 1941, cantava "(...) E Florbela, de negro,/ esguia como quem era,/ seus longos braços abria/ esbanjando braçados cheios/ da grande vida que tinha!". Também Fernando Pessoa, em um poema datilografado e não datado de nome "À memória de Florbela Espanca", descreve-a como "alma sonhadora/ Irmã gêmea da minha!".Precursora do movimento feminista em Portugal, teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
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Segue abaixo uma linda poesia desta figura incrível:
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A Mulher!
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Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
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Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
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Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
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Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!
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Bjôoooooo
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Fonte: Wikipedia

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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Interlúdio com Florbela, promovida pelo Blog Interlúdio.

Daniela Figueiredo do Blog Puxadinho Mundo Insano

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http://arquivomundoinsano.blogspot.com/
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ANSEIOS
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Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!
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Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!
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Tu chamas ao meu seio, negra prisão!…
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!
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Não ´stendas tuas asas para o longe…
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!…
(Florbela Espanca)
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Eu não conhecia a poesia de Florbela Espanca, a descobri no blog By Oscar Luiz , soube da blogagem coletiva Interlúdio com Florbela, e quis saber mais. A iniciativa da blogagem coletiva foi do blog Interlúdio. Adorei Florbela, sua poesia é encantadora. Tem um quê de provocação e um quê de suspiro e febre. Escreveu sobre saudade, desejo, anseios, súplicas.
Em pesquisa sobre Florbela, achei neste site (lindo, por sinal): Florbela Espanca
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Florbela d’Alma da Conceição Espanca nasceu em 08 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa, em Alto Alentejo, Portugal. Seu primeiro poema, Vida e Morte, foi escrito aos sete anos de idade, em 1903. É uma das poetas portuguesas mais famosas. Suicidou-se no dia do seu aniversário, aos 36 anos, ao beber dois frascos de Veronal, um sedativo do grupo dos barbitúricos.

Blog Nogthingandall

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Beijo imagem daqui
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Horas profundas, lentas e caladas,
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...
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Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata pelas estradas...
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Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos.
Vestiu-os o luar de sedas puras...
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Sou chama e neve branca e misteriosa...
E sou, talvez na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!
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(n. Vila Viçosa, 8 Dec. 1894; m. Matosinhos 8 Dec 1930)
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Luar
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Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...
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Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!
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Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!
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E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!...
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(n. Vila Viçosa, 8 Dec. 1894; m. Matosinhos 8 Dec 1930)
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Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
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Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
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Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
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E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
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NR: Ah! Quero ver-te hoje à tardinha!...
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Cantigas leva-as o vento...
Florbela Espanca
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A lembrança dos teus beijos
Inda na minh'alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste.
Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar'cido
Revive numa saudade!
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(n. em Vila Viçosa, 8 Dez 1894; m. Matosinhos, 8 Dez 1930)
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Noite de Saudade
Florbela Espanca
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A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...
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Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!
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Por que és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!
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Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!
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(n. Vila Viçosa, 8 Dec. 1894; m. Matosinhos 8 Dec 1930)
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Nothingandall associa-se à iniciativa do Interlúdio, relembrando Florbela
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