domingo, 14 de dezembro de 2008

Cleo do Blog Infinito Particular

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http://infinitoparticular-cleo.blogspot.com/
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Hoje é dia de Florbela Espanca
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A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos.
O quadro é único, a moldura é que é diferente.
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Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
que seja a minha noite uma alvorada,
que me saiba perder...para me encontrar....
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Tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade.
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Nunca fui como todos Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento.
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O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante
que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade… sei lá de quê!
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Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo...um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém
Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou?
Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...
Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro...
Uma chaga sangrenta do Senhor...
Sei lá quem sou?! Sei lá!
Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...
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Saudades
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Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte.
Que bem pensara vê-lo até à morte.
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte.
Deve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!
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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Interlúdio com Florbela, promovida pelo Blog Interlúdio.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Bonito mensaje fuerte. Nunca pensé que era tan fácil. respetos a usted!