domingo, 21 de dezembro de 2008

Fernanda Costa do Blog Fernanda e Poemas

.

http://fernananda55.blogspot.com/
.
À POETISA FLORBELA ESPANCA!...
.

.
O dia 8 de Dezembro é o dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal a partir da data em que os reis portugueses deixaram de usar coroa para a oferecer à imagem da mãe de Jesus que está em Vila Viçosa, mesmo ao lado do Palácio Real.
.
E, curiosamente, Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1894, casou a 8 de Dezembro de 1913, suicidou-se a 8 de Dezembro de 1930, foi baptizada na Igreja de Nª Sª da Conceição, aos 8 anos adoptou o nome "da Conceição"; e lecionou no Colégio de NªSª da Conceição, em Évora. O dia 8 de Dezembro era ainda o dia da Mãe, da mãe que Florbela não conheceu bem e que não foi a sua educadora «não me recordo nem da cor dos seus cabelos», e da mãe que Florbela nunca conseguiu ser...
.
Farta dos ingredientes da sua má sorte, cansada de ter nascido numa época que não era a sua, optou pelo suicídio consciente e premeditado:
.
«Há quem suba a descer. Há almas privilegiadas e únicas que nada têm a ver com a lógica absurda das leis humanas (... ) À gargalhada insultante deste mundo responde a infinita serenidade do que fica para além e que os olhos míopes não vêem (... ) O que lhes foi preciso de coragem desdenhosa, de altiva serenidade, de profundíssimo desprezo, às almas que partiram por querer!».
.
Na última noite da sua vida, escreveu o extraordinário Soneto "À Morte"
.
À MORTE
.
Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
e como raiz, sereno e forte.
.
Não há mal que não sare ou não conforte
tua mão que nos guia passo a passo,
em ti, dentro de ti, no teu regaço
não há triste destino nem má sorte.
.
Dona Morte dos dedos de veludo,
fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!
.
Vim da Moirama, sou filha de rei,
má fada me encantou e aqui fiquei
à tua espera,... quebra-me o encanto!
.
Florbela Espanca
.
Rui Gudes, escreveu em Janeiro de 2000:
.
"Ao cabo de muitos anos de estudo sobre a vida e a obra de Florbela Espanca, não consigo descrever a poetisa alentejana melhor do que ela própria o fez: (...) «Uma corajosa rapariga, sempre sincera consigo mesma. (...) Honesta sem preconceitos, amorosa sem luxúria, casta sem formalidades, recta sem princípios, e sempre viva, a palpitar de seiva quente como as flores selvagens da tua bárbara charneca!»
.
Florbela Espanca, sempre me influênciou, quando ainda adolescente e comecei a escrever... Este
Soneto, escrevi-o á momentos !... Aqui deixo o meu contributo á sua memória!..
.

FLORBELA!...
.
Olhos pretos, risonhos, tansparentes
pequenina serena e donairosa
sorriso meigo de sonhos dormentes,
Mar agitado, mas sempre amorosa.
.
Abrigo oculto de muita ternura
fortaleza d'alma, flor perfumada
dom d'iluminar uma noite escura
não te esquecerei, serás recordada.
.
Oh! flores silvestres, estrelas do céu!
Oh! mar profundo, deslumbrante e puro!
Recordai a Florbela no seu mausuléu!
.
Não se despediu. Já galgou o muro.
Destino cruel, traiçoeiro e duro
Ficou a saudade envolta em véu!
.
Fernanda Costa
(inédito) 7-12-2008 - 1,30 da madrugada
Costa da Caparica
.

Este post faz parte da Blogagem Coletiva Interlúdio Com Florbela, promovida pelo Blog Interlúdio.
.

Nenhum comentário: