domingo, 14 de dezembro de 2008

Rô do Blog Na Casa da Vovó

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Biografia
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Batizada Flor Bela Lobo, Florbela Espanca foi uma das primeiras feministas de Portugal e escreveu uma poesia carregada de erotismo e feminilidade, que alguns críticos encaram como um dom-juanismo no feminino. O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a imensa ternura e a um desejo de felicidade são a temática presente em muitas das suas imagens e poemas.Parte de sua inspiração veio de sua vida tumultuada, inquieta, e sofrimentos íntimos provocados pela rejeição paterna. Seu primeiro poema foi escrito em 1903: "A Vida e a Morte".
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Filha de Antonia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu em vida como filha. João admitiu a paternidade apenas 19 anos após a morte da poeta, quando foi inaugurado um busto dela, em Évora. E isso depois da insistência de fãs da obra de Florbela.Com a morte de Antonia, de uma doença desconhecida, em 1908, João e sua mulher Mariana Espanca criaram a menina e seu irmão, Apeles Espanca, nascido em 1897 e registrado da mesma maneira.Casou-se no dia de seu aniversário, em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917 e foi a primeira mulher a cursar Direito na Universidade de Lisboa. Na capital portuguesa conheceu outros poetas e participou de um grupo de mulheres escritoras. Colaborou em jornais e revistas, como o "Portugal Feminino". Em 1919, no terceiro ano de Direito, lançou o Livro de Mágoas. Nessa época, Florbela começou a apresentar sintomas de desequilíbrio mental e sofreu um aborto involuntário.
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Em 1921, divorciou-se de Alberto Moutinho, de quem vivia separada havia alguns anos, para casar-se com o oficial de artilharia António Guimarães. Nesse mesmo ano, seu pai se divorciou para esposar Henriqueta Almeida.
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Em 1923, ela publicou o "Livro de Sóror Saudade". Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925, a poeta casou-se com o médico Mário Laje, em Matosinhos. A morte do irmão Apeles, num acidente de avião, lhe inspirou o poema "As Máscaras do Destino".Tentou se matar duas vezes, em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicidou-se no dia do seu aniversário. "Charneca em Flor" foi publicada em janeiro de 1931.Outras obras póstumas foram: "Cartas de Florbela Espanca", por Guido Battelli (1930), "Juvenília" (1930), "As Marcas do Destino" (1931, contos), "Cartas de Florbela Espanca", por Azinhal Botelho e José Emídio Amaro (1949), "Diário do Último Ano Seguido De Um Poema Sem Título", com prefácio de Natália Correia (1981), e "Dominó Preto ou Dominó Negro" (1982, contos).
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Fonte aqui
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Ensaio sobre o Poema Fumo
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Fumo
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Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
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Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas…
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!
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Os dias são Outonos: choram… choram…
Há crisântemos roxos que descoram…
Há murmúrios dolentes de segredos…
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Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!…
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Florbela Espanca - Livro de Soror SaudadeFlorbela Espanca foi uma mulher que não parecia ser da sua época. Vivia em Portugal numa sociedade conservadora, moralista e rural do início do século XX. Em seu coração, sonhos e poemas vivia além da realidade de seu cotidiano, ultrapassando a fronteira do corpo e da alma para mergulhar no mais profundo da existência humana. Uma mulher de vida amorosa conturbada e inquieta que transformava seus sofrimentos mais intensos em poesia da mais alta qualidade onde impregnava a erotização feminina.
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No poema “Fumo” a poetisa portuguesa compara o amor ao vício, ressaltando a dor daquele que se sente escravo do amor como num vício que consome suas entranhas. O amor personificado como fumaça, impossível de segurar e ter por muito tempo. Para ela o amor é sempre perdido mesmo antes de ser encontrado, desenvolvendo uma busca angustiante e em vão. O amor sempre lhe escapa das mãos. Se sente abandonada e com pena de si mesma Meus olhos são dois velhos pobrezinhos e suplica a presença do amado definindo suas mãos Tuas mãos doces plenas de carinho.
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Florbela Espanca usa as imagens externas como o clima de outono em Portugal para demonstrar sua tristeza interior e seu lamento Os dias são Outonos: Choram… Choram… Ela vê o mundo com seus olhos cansados e aflitos perdendo a vontade e o sentido da vida Há crisântemos roxos que descoram… Há murmúrios dolentes de segredos…Concebe intimidade entre a vida e a morte, numa idéia de que o amor renasce e a ausência dele mata.Na 4 ª estrofe do poema, a poetisa traduz a conclusão de que o amor que ela tanto sonha é apenas uma ilusão. O vício de amar a impede de enxergar. Ela o procura Estendo os braços, mas sempre o perde porque ele é Fumo leve que foge entre os dedos.Teria muito mais a escrever sobre esse poema e como mesmo em meio a tristeza e melancolia que a poetisa revela, há tanta beleza e inocência no ato de amar. Eu gosto muito de poemas de amor, mesmo os que falam daqueles amores impossíveis e você?
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Fonte aqui
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Este post faz parte da BLOGAGEM COLETIVA DE INTERLUDIO EM FLOR
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