quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Elvira do Blog Pensieri

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http://evipensieri.wordpress.com/
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UMA FESTA PARA FLORBELA
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O primeiro poema que li de Florbela Espanca foi “Amar!“. Nunca havia lido nada dessa poetisa. Não gostava muito de poesias mas não consigo nem explicar o que senti. Os sentimementos transbordavam e transbordam até hoje quando os leio.
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Seus poemas são cheios de sentimento, incapazes de deixam indiferente qualquer um que os leia.
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“Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse a chorar isto que sinto!”
(Florbela Espanca)
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Neste link vocês encontram uma ótima cronologia sobre a vida de Florbela Espanca.
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Inconstância - (A Mensageira das Violetas)
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“Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!
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Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!
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Passei a vida a amar e a esquecer…
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando…
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E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também… nem eu sei quando…”

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Amar ! - (A Mensageira das Violetas)
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Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui…além…
Mais este e aquele, o outro e toda a gente….
Amar!Amar! E não amar ninguém!
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Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
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Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.
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E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…
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Desejos vãos - (Livro de Mágoas)
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Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
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Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
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Mas o Mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
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E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras… essas… pisa-as toda a gente!…
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Este post faz parte da blogagem coletiva “Interlúdio com Florbela”, promovida pela Flor do blog Interlúdio.
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Visitem todos os participantes e aproveitem para se deliciar com as lindas palavras de Florbela Espanca.

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