terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Bernardo Guimarães do Blog Notícias do Interior

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FLORBELA ESPANCA
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Bice, uma amiga querida escreveu um verso num livro meu e quando li, tive vontade de conhecer mais. Era um verso de Florbela Espanca. Poesia, para mim ,é como um quadro ou uma música: gosto ou não gosto, não importa de quem seja. Daí que curto Salvador Dalí, Miró ou F da Silva, com seus monstros coloridos. Adoro QUASE todas as músicas dos compositores reconhecidos e de vez em quando me pego assoviando uma melodia que ouvi na voz muito bonita de Zezé di Camargo. Mas na poesia é diferente, ou eu sou mais maluco do que penso: de meus poetas preferidos, não conheço uma só poesia que não goste: Thiago de Melo, Paulo Leminski e Florbela Espanca. Acho que é porque não sei dizer o que sinto; à vezes, só com poesia se consegue, e eles falam por mim. Não tenho a pretensão de comentar uma poeta. Apenas leiam estes versos da que se chama Florbela d'Alma Conceição Espanca, nascida e morta (por escolha própria) no mesmo dia 8 de dezembro. Em seu diário, as ultimas palavras escritas foram: - e se não haver gestos novos nem palavras novas?


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Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
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Beijá-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascessemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!...
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Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !
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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Interlúdio com Florbela, promovida pelo Blog Interlúdio.

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